Lamassu na Assíria Antiga: simbologia, funções e técnicas de escultura

Descubra o lamassu assírio antigo, esculturas míticas que guardavam palácios e templos. Entenda seu simbolismo, funções e técnicas de criação.

O lamassu assírio antigo é uma das esculturas monumentais mais emblemáticas da Mesopotâmia. Essas figuras míticas, com corpo de touro ou leão, asas de águia e cabeça humana, erguiam-se em entradas de palácios e zigurates para afastar o mal e simbolizar o poder real. Se você busca livros sobre arte assíria, encontrará obras que detalham técnicas e iconografia dessa tradição milenar.

Origens e contexto histórico

As primeiras representações de criaturas híbridas protetoras remontam ao período neo-assírio (c. 911–609 a.C.). O lamassu foi popularizado pelas dinastias de Assurnasirpal II e Assurbanipal, ganhando destaque nas entradas dos palácios imperiais de Nínive, Nínive, Dur Sharrukin e Assur. Essas esculturas não apenas transmitiam imponência, mas também materializavam crenças religiosas e mitológicas da antiga Assíria.

No contexto religioso, o lamassu foi associado a divindades guardiãs. Sua presença marcava o limiar entre o espaço humano e o domínio divino. Através de detalhes em basalto ou alabastro, as inscrições cuneiformes invocavam proteção e expressavam decretos reais. Para compreender melhor a arquitetura religiosa onde esses portões se inseriam, confira a seção sobre Zigurate de Ur.

Técnicas de escultura e materiais usados

Escolha de materiais e ferramentas

Os artesãos assírios preferiam blocos maciços de alabastro, calcário ou arenito. Esses materiais, extraídos em pedreiras próximas aos rios Tigre e Eufrates, ofereciam resistência e permitiam detalhes finos. Para a modelagem, utilizavam martelos de bronze, cinzéis de ferro forjado e abrasivos naturais. A organização dos ateliês reais assegurava que cada lamassu fosse esculpido de forma padronizada, seguindo iconografias oficiais do rei.

Processo de gravação e acabamento

Após a extração, o bloco era talhado inicialmente com cinzéis largos para definir volumes. Em seguida, os artesãos detalhavam as asas, músculos e ornamentos faciais. O uso de abrasivos finos, como areia e pó de pedra, servia para alisar superfícies e realçar inscrições cuneiformes que mencionavam o rei responsável pela obra. Essa etapa exigia precisão para manter a simetria característica: visto de frente, o lamassu parece parado; de lado, dá a impressão de movimento.

Para visualizar outras técnicas artísticas mesopotâmicas, consulte o estudo sobre instrumentos musicais na Mesopotâmia, que aborda processos semelhantes de trabalho com pedra e metais.

Simbolismo e iconografia do lamassu

Elementos simbólicos e mitológicos

Cada aspecto do lamassu carregava significado: a cabeça humana representava a inteligência divina; o corpo de touro simbolizava força; e as asas de águia, a capacidade de transitar entre os mundos terreno e celestial. Pequenos relevos de flores-de-lótus, estrelas e rosetas eram adicionados para reforçar a ligação com divindades protetoras.

Funções políticas e religiosas

Na esfera política, o lamassu reforçava a autoridade do rei, lembrando a todos a presença do poder real e seu elo com os deuses. Em sítios arqueológicos como Dur Sharrukin, as figuras guardavam corredores que davam acesso à sala do trono, impondo respeito aos visitantes. Esse simbolismo se estendia ao cotidiano dos súditos, que interpretavam a presença do lamassu como garantia de segurança e prosperidade.

Descobertas arqueológicas e localização

As primeiras escavações oficiais em Nínive, no século XIX, revelaram séries de lamassus intactos, hoje expostos em museus como o British Museum e o Museu do Louvre. No entanto, espécimes fragmentados permanecem in situ, em ruínas que avançam pelo deserto iraquiano.

Palácio de Assurbanipal

No palácio de Assurbanipal, em Nínive, lamassus de até 5 metros de altura marcavam a entrada principal. Escavados por Austen Henry Layard em 1847, esses exemplares exibem inscrições detalhadas sobre vitórias militares e a genealogia real.

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Ruínas de Dur Sharrukin

Em Khorsabad, antiga Dur Sharrukin, lamassus de alabastro guardavam cada um dos seis portões do palácio de Sargão II. A disposição simétrica e o conjunto de relevos narrativos são considerados marco na história da escultura monumental.

Conservação e restauração de lamassus

Desafios na preservação

Fatores climáticos, conflitos e vandalismo colocam em risco muitos exemplares. Variações de temperatura, umidade e poluição aceleram a deterioração de calcário e alabastro. Em ruínas expostas, arqueólogos utilizam câmaras de proteção e tratamentos químicos para consolidar a pedra.

Métodos modernos de restauração

Com técnicas de escaneamento 3D e resinas sintéticas, especialistas conseguem preencher lacunas e recriar partes perdidas sem agredir o material original. Projetos de museus buscam equilibrar a manutenção in situ com a remoção criteriosa de fragmentos para ambientes controlados.

Conclusão

O lamassu assírio antigo permanece como testemunho da habilidade técnica e da visão simbólica da Mesopotâmia. Suas esculturas monumentais uniram arte, religião e poder político, impondo respeito até hoje. Conhecer as técnicas de produção, o significado iconográfico e os desafios de conservação permite valorizar essas guardiãs milenares e entender melhor a complexidade da civilização assíria.


Arthur Valente
Arthur Valente
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